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Porra, raio da pen!
Há semanas que
andava a tentar colocar a pen a funcionar. Queria ter mais repertório para
reproduzir no leitor do meu Super Fiat Punt.
Era então que
pensava para mim mesmo: “Há uns tempos estava tudo bem!”. Mas a pen estava
contra mim, e tinha desistido de dar luta aquele montezito de chips.
Ouvia
já tanta música boa, mas faltava juntar as mais especiais. Aqueles álbuns
lindíssimos, exuberantes, de derreter a alma em mil pedacinhos pequeninos. Eram
daquele sítio mais do que especial, do paraíso na terra. O pequeno lugar,
naquela inóspita colina, naquele céu cheio de Deus. Em Taizé como é óbvio.
Ainda me lembro quando pisei a sua terra pela primeira vez. Parece que o meu
coração bombeou com tanta firmeza que a minha alma queria voar para fora do
corpo. Algo que se sente para Deus e com Deus.
Mas vá, calma,
estava a falar da pen. Queria ter mais músicas, e aquela era a minha única pen
para o fazer. “Bem, vou tentar, mas nem vai dar”. Senti que o devia fazer.
Saí de relance
da sala onde estava e fui a correr para o carro. Para o meu espanto, deu:
- É impossível,
deixou de dar, e porque agora? Agora?, vais para Viseu a mandar aquelas linhas
que baixo que eu tanto gosto, e não, não arroto como muitos dizem. Estas vozes
cá de baixo são mesmo de tremer os meus sentidos. É a voz a que fui chamado a
fazer.
Preparei-me e
lá fui eu. Sabia todas as letras de cor, desde Português, Francês, Alemão e afins. Estava feliz, como
haveria de não estar? Mas havia algo que me prendia, não sabia se podia ou não
ir a Taizé. A cada dia me sufocava, me deixava sem respirar. Quanto tempo teria
que esperar? Será que podia ir? Será que há vagas? Este ano vai tanta gente,
que é muito difícil. Mas tinha a fé em Deus, tinha mesmo:
- Continua a cantar
André, vive este espírito, não penses em coisas negativas agora!
É que estava
mesmo contente, aquele dia tinha-se transformado numa dádiva tão grande por
poder ouvir aquelas músicas na viagem. Deixava-me tão tranquilo, ficava mais
benevolente perante os outros condutores, tão cheio de coração!
- Bem cheguei,
vamos lá por o casaco e as luvas, para ver se não ando outra vez ranhoso.
- Bzzz ... Bzzz ....
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Uma mensagem, de quem será? Professor Abel?
O
meu coração deu um baque, fiquei nervoso, fiquei inconstante.
“É
com enorme alegria que informo que tenho lugar para a viagem a Taizé...” e
parei de ler. Parei porque finalmente tinha a mensagem de que precisava e
ansiava mais receber. Esperava por ela desde que tinha voltado de lá, e
simplesmente saber que ia voltar para o lugar que me tornou diferente, era de
ficar sem palavras. E diferente, não era pouco, era um diferente gigante. Se
não fosse Taizé eu não seria quem sou hoje. Não seria nada de nada, não tinha
uma linha, não tinha um rumo, não tinha uma alma viva, não tinha Deus. Taizé
mudou-me a vida para sempre e nada me podia deixar mais feliz. Nada mesmo.
Quando pensas que podes ter o dinheiro, carros, tudo do mundo e ser feliz,
estás enganado/a. Os ricos morrem como os pobres morrem. Ninguém escapa não é?
E a mim já nada me pode tirar esta vida que vivo. Eu não vivo só em mim, vivo
para servir a Deus e seguir os Seus caminhos. Porque quando não tinha sentido, quando
ia para desistir da vida e de tudo, Ele deu-me a conhecer este paraíso. E não
tem outro nome. É o nome de Deus numa comunidade de irmãos. Numa comunidade de
paz e entrega. Onde tudo é ideal aos teus olhos, e aos olhos de Deus, tudo é
possivelmente perfeito e possível de se fazer.
Foi então
que ia chorando, ia chorando porque tocou-me no coração a mensagem, como a
música de Taizé que ainda estava a tocar.
Simplesmente
me pergunto: Porque é que a pen deu e apenas com músicas de Taizé? Porque é que
recebi a mensagem da minha ida a Taizé no dia em que coloquei as músicas na
pen?
Ainda
tens dúvidas que Deus existe?
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